Após um longo período dedicado a um mochilão por São José do Rio Preto, voltei com uma dúvida na cabeça. Tudo começou enquanto tomava um sorvete em uma tradicional gelateria do interior. Nomes como Feijoada, Enéias e Word Trade Center podem parecer estranhos, mas dentro do cardápio mal diagramado dessa sorveteria faziam todo o sentido do mundo. Imagine uma torre de waffles atingida por um sorvete de chocolate pegando fogo, representado por uma mistura dos sorvetes de abacaxi e morango silvestre. Um ataque às papilas de qualquer pessoa.
Quando fui pagar pela iguaria interiorana, fui abordado por um hippie que queria dinheiro para tomar sorvete. Mas é claro que eu acreditei, como não. Tem coisa mais comum do que um hippie tomando sorvete? Aliás, você já viu algum hippie tomando sorvete? Só se for um sorvete com duas bolas de miçangas, cobertura de maconha e casquinha de remendos. Puta povo folgado! Bom é claro que não dei e com um sorriso falso o dito me olhou de cima a baixo e proclamou: “Tranqüilo irmão. Fica na paz. As fadas vão comer seu dinheiro”.
Ao invés de me irritar, resolvi ignorar o comentário e utilizei uma antiga técnica que meu avô havia me ensinado para espantar vagabundos; ofereci-lhe um emprego. Nem sei como, nem para onde, mas quando olhei de novo só havia algumas miçangas e um tererê apodrecido no chão.
Comecei a pensar na maldição com a qual havia sido confrontado. Fadas. Mas afinal, como alguém criou as fadas? Ou melhor, será que elas existem?
Com essa indagação na cabeça fui para o único lugar onde poderia encontrar uma resposta à minha dúvida. Pergunto a você: Pense em um local onde podemos encontrar fadas, elfos, magos, monstros e criaturas encantadas. Em um show de Metal Melódico.
Olhei no jornal e vi que naquela mesma noite uma casa de shows anunciava a presença de bandas cover de Heloween, Angra e Tuatha de Dannan. Perfeito. Melhor do que um show de melódico é um show de nego que paga pau pra melódico. Resolvi sanar minhas dúvidas naquela noite.
Como todos bem sabem bandas cover são extremamente engraçadas. O vocalista é geralmente um retrato com paralisia infantil do original. Ele é o front man que durante o dia etiqueta preços em xícaras enfileiradas da sessão de utilitários no Pão de Açúcar e a noite arrasa corações de gordinhos com bochechas rosadas.
Quando cheguei ao local, a primeira banda já estava no palco. Abri caminho entre uma rodinha de carecas, desviei de um gótico que retocava as olheiras com o lápis de olho da mãe e parei quase em frente ao palco.
Já haviam passado uns 15 minutos quando uma garota sussurrou em meu ouvido.
- Maconha, Pó, Bala e Fada. Baratinho e sem nota.
Concordei com a cabeça e ela me levou para um camarote onde apresentou a mercadoria, espalhada em cima da mesa. Observei calmamente cada um dos itens e, naturalmente, o que mais me chamou a atenção foi uma jarra de vidro com um tampão envolvido em tecido, lembrando bastante os potes de geléia que as avós produzem.
Dentro havia um ser brilhante que parecia bastante desanimado.
- Isso é uma fada? – perguntei à traficante mística.
- É a sua primeira vez? Não se preocupa “fio”. A tia te explica tudo.
Começou então a narrar uma história que até hoje me dá calafrios, comparados apenas aos que sinto quando passo a língua no palito do picolé.
Muitos anos antes do homem pisar na Terra, o mundo era habitado por seres mágicos de todos os tipos. É importante lembrar que esse período fica exatamente nos anos obscuros que compreenderam a fresta de tempo entre a extinção dos dinossauros e a evolução dos primeiros homens.
As fadas sofriam com o machismo da época, sendo obrigadas a passarem seus dias limpando cavernas e fazendo feitiços para os outros seres encantados. Constantemente ouvia-se falar de casos de violência doméstica onde as escoriações começavam nas asas e acabavam em varas de condão cruelmente molestadas.
Um dia esses seres se revoltaram. Decidiram que, de uma vez por todas, colocariam um ponto final nessa história. Juntaram-se em uma velha árvore onde confabularam por dias. Alguns contam que esses dias na verdade foram anos, décadas.
Um dia elas simplesmente desapareceram. E com elas a magia.
Fiquei algum tempo em silêncio olhando a garota que não esboçava qualquer intenção de continuar a históra.
- E aí? – perguntei aflito – O que aconteceu com as fadas?
Ela me olhou por alguns segundos perplexa e retrucou:
- E aí o que?
Moral da história. Crianças, nunca busquem respostas para seus problemas com traficantes.
Quando fui pagar pela iguaria interiorana, fui abordado por um hippie que queria dinheiro para tomar sorvete. Mas é claro que eu acreditei, como não. Tem coisa mais comum do que um hippie tomando sorvete? Aliás, você já viu algum hippie tomando sorvete? Só se for um sorvete com duas bolas de miçangas, cobertura de maconha e casquinha de remendos. Puta povo folgado! Bom é claro que não dei e com um sorriso falso o dito me olhou de cima a baixo e proclamou: “Tranqüilo irmão. Fica na paz. As fadas vão comer seu dinheiro”.
Ao invés de me irritar, resolvi ignorar o comentário e utilizei uma antiga técnica que meu avô havia me ensinado para espantar vagabundos; ofereci-lhe um emprego. Nem sei como, nem para onde, mas quando olhei de novo só havia algumas miçangas e um tererê apodrecido no chão.
Comecei a pensar na maldição com a qual havia sido confrontado. Fadas. Mas afinal, como alguém criou as fadas? Ou melhor, será que elas existem?
Com essa indagação na cabeça fui para o único lugar onde poderia encontrar uma resposta à minha dúvida. Pergunto a você: Pense em um local onde podemos encontrar fadas, elfos, magos, monstros e criaturas encantadas. Em um show de Metal Melódico.
Olhei no jornal e vi que naquela mesma noite uma casa de shows anunciava a presença de bandas cover de Heloween, Angra e Tuatha de Dannan. Perfeito. Melhor do que um show de melódico é um show de nego que paga pau pra melódico. Resolvi sanar minhas dúvidas naquela noite.
Como todos bem sabem bandas cover são extremamente engraçadas. O vocalista é geralmente um retrato com paralisia infantil do original. Ele é o front man que durante o dia etiqueta preços em xícaras enfileiradas da sessão de utilitários no Pão de Açúcar e a noite arrasa corações de gordinhos com bochechas rosadas.
Quando cheguei ao local, a primeira banda já estava no palco. Abri caminho entre uma rodinha de carecas, desviei de um gótico que retocava as olheiras com o lápis de olho da mãe e parei quase em frente ao palco.
Já haviam passado uns 15 minutos quando uma garota sussurrou em meu ouvido.
- Maconha, Pó, Bala e Fada. Baratinho e sem nota.
Concordei com a cabeça e ela me levou para um camarote onde apresentou a mercadoria, espalhada em cima da mesa. Observei calmamente cada um dos itens e, naturalmente, o que mais me chamou a atenção foi uma jarra de vidro com um tampão envolvido em tecido, lembrando bastante os potes de geléia que as avós produzem.
Dentro havia um ser brilhante que parecia bastante desanimado.
- Isso é uma fada? – perguntei à traficante mística.
- É a sua primeira vez? Não se preocupa “fio”. A tia te explica tudo.
Começou então a narrar uma história que até hoje me dá calafrios, comparados apenas aos que sinto quando passo a língua no palito do picolé.
Muitos anos antes do homem pisar na Terra, o mundo era habitado por seres mágicos de todos os tipos. É importante lembrar que esse período fica exatamente nos anos obscuros que compreenderam a fresta de tempo entre a extinção dos dinossauros e a evolução dos primeiros homens.
As fadas sofriam com o machismo da época, sendo obrigadas a passarem seus dias limpando cavernas e fazendo feitiços para os outros seres encantados. Constantemente ouvia-se falar de casos de violência doméstica onde as escoriações começavam nas asas e acabavam em varas de condão cruelmente molestadas.
Um dia esses seres se revoltaram. Decidiram que, de uma vez por todas, colocariam um ponto final nessa história. Juntaram-se em uma velha árvore onde confabularam por dias. Alguns contam que esses dias na verdade foram anos, décadas.
Um dia elas simplesmente desapareceram. E com elas a magia.
Fiquei algum tempo em silêncio olhando a garota que não esboçava qualquer intenção de continuar a históra.
- E aí? – perguntei aflito – O que aconteceu com as fadas?
Ela me olhou por alguns segundos perplexa e retrucou:
- E aí o que?
Moral da história. Crianças, nunca busquem respostas para seus problemas com traficantes.
7 comentários:
Polas, ninguém sabe descrever um hippie e um show de metal melódico como vc. Parabéns!
e aí que você deve ter comido, literalmente, a fada e depois escrito tudo isso... VC É DOIDO!!!!
mas a moral da história é engraçada haehaehaehae
Polas, ta rolando um meme por aí, e eu queria te convidar, se já não o fizeram. É sobre a visitinha do Bush aqui no Brasil.
Ps: O texto tá muito bom.
Abs
hahahahahahahaha!
Meu, ler essas coisas é meu lazer!
Você fez ressurgir em minha cabeça uma antiga pergunta filosófica: seriam os pernilongos fadas? Ou teriam as fadas involuído para pernilongos?
Parece que você se especializou sobre comportamento hippie. Conseguiu reunir em uma descrição suscinta a vasta gama de comportamentos complexos adotados por esse... esse... grupo social? Grupo... étnico? Rosquinhas.... Dah!
Grande abraço!
opa! Corrigindo: descrição "sucinta"
http://openmind-asminhasverdades.blogspot.com/
:)
Cara vc é um preconceituoso, que no fundo nem sabe o que é de verdade um hippie, n conhece a filosofia de vida deles que n são vagabundos pq eles trabalham como qualquer outra pessoa! E só pq n fizeram uma faculdade ou trabalham para alguém são tidos assim, por um bando de invejosos que nem sabem de nada! O que eles fazem é arte!
Eu entrei aqui pq sou místico e todo místico de verdade aceita as diferenças da vida e são adeptos aos hippies com muito respeito e admiração por ter coragem e paciência por aguentar tanto preconceito!
Se eles são vagabundos e n fazem nada então pq n larga o que faz e vai fazer a arte ``fácil´´ deles?
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